Cores e escolhas.

" A maior dor do vento: é não ser colorido".
Mário Quintana


Na tentativa de escolher uma cor de roupa para me vestir logo cedo...
me peguei divagando em dúvidas.Afinal,segundo o Aurasoma,esta escolha
terá muito a ver com o meu estado de espírito nesta mesma manhã.
E me vieram à mente dois episódios bem marcantes na minha vida: o pri-
meiro é de uma dinâmica de sala de aula que utilizo,onde os alunos recebem
uma variedade de nomes de sentimentos e devem associá-los às cores que
desejarem...ou seja:de que cor é amor? Qual é a cor da saudade? Qual é a
cor do medo?...e assim por diante.Os alunos fazem viagens surpreendentes
entre os seus sentimentos e suas relações com as cores!
E o segundo episódio,que envolve o meu filho mais velho,quando estava na
pré-escola.Eu fui chamada pela professora,que reclamou que ele não estava
obedecendo à sua ordem de jogar o lápis de cor branco,assim como o giz de cêra,
porque os outros alunos já o haviam feito,depois de sua explicação de que os
mesmos não serviam pra nada.Pedi imediatamente que o trouxesse da sala
de aula pra que esclarecesse o porquê da recusa.E ele veio rapidamente,e ao
ser questionado sobre a desobediência ,respondeu prontamente:__Não posso
jogar fora,porque ele serve pra dar brilho ao desenho!!!
Neste instante,diante do olhar espantado da professora,eu descobri o talento
criativo,que já estava despontando no meu filho,e que ele precisaria de muito
espaço para expandir o mesmo...
Voltei para o meu armário,e vendo todas aquelas cores misturadas com minhas
recordações...pensei no preto,mas não me senti triste o bastante para ele,não
optei pelo rosa,talvez por sentir o amor meio anestesiado pelas dores recentes,
olhei pra o vermelho,imaginei uma paixão bem louca,dessas que nos fazem sem-
pre mergulhar sem pensar...me decidi pelo branco,na tentativa desesperada de
neutralizar as cores perdidas em mim,ou mesmo me sintonizar com meu poder
criativo e conseguir brilhar novamente!!!