A promessa.






Ele não suportava mais o mesmo sermão.Sentava-se no primeiro banco da Igreja,
mas há meses transferiu-se para o último.Ali as palavras já chegavam bem apagadas,
quase indecifráveis.Sua mãe lhe obrigava a ir em todas as missas.Desde menina ela
é uma fervorosa católica.E quando seu filho Pedro nasceu com sérios problemas de
saúde.Carmen fez uma promessa na capela do hospital.Dizendo aos céus que faria do
seu filho um padre,um sacerdote de Deus.O destino foi escrito assim para Pedro.Que
tinha um olhar distante.Nunca brincava com as crianças da rua.E agora que tornara-
se um adolescente,seu compromisso estava mais sério.Beatas,orações,procissões,e todos
os outros tantos símbolos e rituais da Igreja o rondavam à mente e à razão.Escrituras sagradas,hóstias e
confissões obrigatoriamente ao Domingos.Seus olhos se fechavam ao imaginar o futuro
que lhe esperava.
Na rua onde morava,vivia uma menina linda:olhos azuis e cabelos loiros.Seu nome era
Clara.Ela sempre sorria para Pedro quando ele passava.E ele chorando abria urgentemente o seu evangelho e desandava a rezar.
Os papéis estavam em andamento.Daqui a um mês Pedro se mudaria para a Escola de padres,de onde voltará formado em sacerdote.Carmen comemorava:sua promessa finalmente seria cumprida.Convidou os parentes das cidades vizinhas,os de perto,os amigos,enfim todos
para participarem de um grande almoço.Bolos,doces e deliciosos pratos estavam sendo
preparados.O céu estava cinzento naquela manhã de Domingo.Todos os convidados felizes
sentaram na grande mesa colocada no quintal da família de Pedro.Menos ele,que desde
cedo havia sido visto pela mãe no seu quarto, dormindo.Ela o chamou várias vezes,mas resolveu deixá-lo descansar mais.Onde está o Pedro perguntavam os parentes?Onde está
o nosso padre Pedro gritavam alguns vizinhos!Vamos chamá-lo,deve estar no seu quarto
fazendo suas orações Dominicais,já que hoje não pôde ir à missa,afirmou Carmen,com uma expressão de felicidade no rosto.
Se dirigiu rapidamente ao quarto de Pedro.E assustou-se ao perceber que ele estava exatamente no mesmo lugar que estava há horas atrás.Deu um grito que chamou atenção de
todos na festa,que vieram ao seu encontro.
Pedro havia tomado um veneno à noite ,depois de ter escrito uma breve mensagem no seu
evangelho." Queria muito poder encontrar Deus, por livre e espontânea vontade.Amém."

Comentários

Angela Ursa disse…
Lia, que história triste! Mas quantas mães acreditam que devem "moldar" os filhos de acordo com sua vontade e visão de mundo. E muitas vezes o resultado é trágico, como nesse caso. Beijos da Ursa!
Anônimo disse…
Olá, Lia!

Ele também não acreditou que poderia ser feliz, pois sequer lutou contra a vontade da mãe, caso o contrário, ele teria pelo menos questionado...As vezes quem cala, consente...No fundo, talvez gostasse da idéia, mas como ele mesmo falou queria ir por votnade própria, mas escolheu o mais rápido.Belo, mas, triste caso.

Um beijo
Anônimo disse…
Triste, mas nem por isso, menos verdadeiro. Pelo contrário.
Abraços!
Anônimo disse…
Bom dia....

Forte o texto....
Fraco o Pedro...foi sem luta....
Bjs.....
Anônimo disse…
Que lindo! Que triste! Impressionante... Adorei!
Abraços!
Laurinha disse…
Que estoria mais triste! Eh veridica? Imagino quantos pais existem por ai que pensam como a mae do Pedro. Transferem suas obrigacoes, promessas, vontades para os filhos.. Muito triste
Currupio disse…
Um pouquinho controversa a última frase de Pedro, mas boa história.
Fred disse…
Oi Lia

Realmente você retratou uma singularidade de alguns seres humanos em relação a esse negócio de fazer promessa.
Como se Deus precisace de pagamento para fazer o bem para alguém.
Mas como disse a Laura, o ponto mais forte para mim é que a mãe fez a promessa para o filho cumprir.
Muitos agem assim.
Porque ela não foi andar descalça em cima de brasas?
Desculpe mas o texto é tão bom que agente participa da narrativa.

Abraços

Fred
Laura_Diz disse…
muito bommmmmmmmmmmmmm parabéns! lia vc sabe escrever, é sensível, vai longe. um bj laura
Azevedo disse…
Olá, muito boa a história. Eu não vou comentar em ralação ao fato em si, até por que sou ateu, e qualquer opinião minha a esse respeito geraria grande polêmica. Contudo, a história ilustrou apenas no meio religioso, quando na verdade, isso acontece a todo instante, quanto fazemos planos que nos frustam as vezes por que as pessoas não agiram conforme "estava nos nossos planos", ou por que pensamos que quando chegarmos em casa "dessa vez será diferente, vou convidar fulana pra irmos num restaurante" e noentanto, acabamos pondo a culpa nela por não poder cumprir uma plano ou uma promessa que era nossa. No mais, parabens por um texto tão elaborado... bjs.
Anônimo disse…
Olá, Lia. Sou eu de novo. Quando vc clica no nome Azevedo o perfil não estará permitido e eu não sei como fazer par sê-lo. O blog é esse aí, ou www.blogdezeuxz.blogspot.com. No mais, Fike bem.
b.ponto disse…
ai ai..
olha a minha cabecinha...
achando que o garotao iria estar de segredinhos (debaixo das cobertas) com a bonitinha da clara!!!

no clima ceu x inferno, vida x morte.. leia meu ultimo conto. postei agora.. quentinho.

e coloquei vc nos meus links. aproveite.

bj
b.
Anônimo disse…
Oi Lia, não li a historia mas já vou avisando que detesto igreja.
Beijo,
Liliane
Lena disse…
Lia, estou falando de filhos também lá no blog. Quando puder dá uma passada por lá. Bjo!