Entre livros.






" Quando perguntaram ao poeta
alemão Goethe quanto tempo
levou para escrever sua obra-prima
o poema dramático "Fausto", ele respondeu:
__ A vida inteira !



































Nesta época do ano a temperatura costuma cair muito naquele cidade interiorana
do Sul de Minas.As pessoas saem menos às ruas e os bares ficam lotados de homens buscando uma bebida que anenize o frio,que chega a doer os ossos.E o professor morava desde que nasceu ali.Trabalhava em três escolas, e ainda participava da Academia de Letras da cidade .A Literatura Alemã era a sua paixão Sua casa;onde mora com os seus pais é um verdadeiro acervo de livros alemães.Seus fins de semana eram dedicados às leituras e traduções de textos alemães.Sua vida pacata e restrita o levava a sempre procurar na Literatura uma
fuga,um passaporte para o mundo através das histórias e personagens.A rotina daquele professor foi quebrada naquela manhã de agôsto por um telegrama.Ao lê-lo,sua expressão se modificou.Ele que sempre foi um homem de pouco sorriso,sempre com um ar sisudo,mostrou um novo brilho no olhar.
Duas semanas depois,primeira semana de setembro.A primavera quase chegando,a sua cidade estava florida e bem cuidada como sempre.No seu quarto, ele providencia uma reforma.Uma mobília nova,quadros e gravuras da Alemanha compuseram a decoração do mesmo.E uma estante repleta de livros alemães.Na rodoviária local,o professor aguarda ansiosamente um ônibus que chegará do Rio de Janeiro às quinze horas.Sentado num dos bancos ele olha para o seu relógio insistentemente,quando o ônibus estaciona.Quase meia hora de atraso.Parecia uma vida inteira de espera.No seu rosto a felicidade pode ser encontrada,um sorriso inédito.Um alemão com todas as características físicas que já denunciam a sua descendência,visivelmente mais novo que o professor,uns dez anos pelo menos.Desce do ônibus e vai em sua direção.Os dois se abraçam demoradamente.Terminando assim com a solidão permanente que o professor vivia ,e revelando para ele uma possibilidade de fazer a sua própria história na vida real.

Comentários

Jôka P. disse…
Lia,
um conto gay !
Que legal ! Adorei.
Lá no Avenida Copacabana e na vida real também, eu tenho muitos amigos e amigas GLS, e até já coloquei um banner da campanha pelo respeito às diferenças.
Parabéns !
Bom domingo, amiga.
Beijos !
JÔKA P.
Ps :
Você dá aula de quê ?
Wilton Chaves disse…
Olá!
Gostei muito deste conto.Uma interessante abordagens para situações entre iguais.Beijos.
Laura_Diz disse…
muito bonito, sabe que pensei que era o filho que chegava? depois do comentário do joka li de novo hihihi
vc fez uma bela história, parece real, bj laura
Anônimo disse…
Lia!
Esta semana foi um tanto atribulada pra mim... não visitei meus amigos e hoje ainda estou meio que de ressaca de tantos compromissos, mas visitei 2 blogs: as 14 Máscaras e aqui! e de formas diferentes o assunto é o mesmo, acredita?
Coincidências - preferio sincronicidade!
Grande beijo!
ps: adorei o encontro do alemão!
boa semana!
Anônimo disse…
Lia, já tinha lido essa resposta do Goethe. Parece que é importante se dizer um número.
Na inauguração das reformas do Hospital me perguntavam sobre números.

Liliane
Angela Ursa disse…
Boa noite, lia! Também gostei da história e da foto linda ilustrando a frase do Goethe. Beijos dominicais da Ursa :))
Henrique Luna disse…
Lia, vc foi muito singela... assim como Laura eu tbm só vim me ligar depois. Cheguei a pensar que eram pai e filho. É interessante a maneira como vc coloca essa situaçao, essa relação homossexual de maneira muito fina, muito sutil. Creio que o homossexual não precisa sempre ser pintado com cores fortes (e até agressivas às vezes) e estereotipadas. Sempre procuro respeitá-los, mas como hétero nem sempre encontrei respeito da parte de alguns (poucos). Tua abordagem mostra que não precisa fazer caricaturas, as coisas são simples tal qual teu conto expressou. E é isso... creio que a simplicidade surte muito mais efeito no sentido de existir um respeito mútuo com relação a orientação sexual, do que o chocar, o chamar atenção a todo custo, descumprindo assim essa mutualidade no respeito.

Grande beijo
Anônimo disse…
Que beleza de conto. Muita delicadeza nas pontas dos teus dedos, hein? Beijo
Anônimo disse…
que bela colocação pra uma relação geradora de polêmica e preconceitos,bela!!!!
linda semana minha querida!!!!!
beijosssssssssssssssss
Anônimo disse…
Olá, Lia!

As vezes a felicidade está ao nosso lado e não a percebemos, e outras, ela está bem distante e a encontramos. Um belo conto.

Um beijo
Vivian Massignan disse…
Li duas vezes, achei que era a cara metade dele, mas não tinha certeza. Ia te perguntar como continuava...
Mas agora, lendo todos os comentários, entendi que não precisa continuar. Continua todo dia, né?
Adorei!
beijos
Andréa disse…
Que lindo, Lia. Que delícia vc nos presenteando com uma leitura tão gostosa nesse feriadão aqui em NY.
Linkei vc no meu blog, espero que não se incomode.
Beijão.
Fred disse…
Tudo bem, eu estava esperando uma lourona alemã, mas tudo bem.
Cada um é cada um.

Abraços

Fred