Herança de família.





Falavam muito alto durante aquele jantar familiar.O que seria uma confraternização,
acabou se tornando um interminável confronto.Luzia,Amadeu e Heráclito eram primos
de primeiro grau.Tinham uma amizade,que teve início ainda na infância deles.E que ao
longo do tempo conservaram inatingível.Mas,a avó deles,Sra.Margot,andava incomodada
com aquela convivência entre os primos.Ela era muito ambiciosa,e procurava sempre
favorecer a sua neta Luzia,filha de seu único filho,Conrado,que vivia há dez anos com uma
outra mulher.Abandonara a filha e sua mãe,quando a menina nasceu.Desde então,a avó a
cobria de mimos e gentilezas,na tentativa frustada de compensar o estrago que o filho fizera.
O sonho da avó,era que toda a herança ficasse para neta mais querida.E ,que os outros netos,
não tivessem direito a nada.Porque eles já tinham os pais que os cobriam de atenções.Luzia
não teve o amor do pai.E sua mãe ficou tão desestruturada emocionalmente,que nunca soubera
dar o amor que ela precisava.Os melhores colégios,roupas de grifes importadas,e tudo de mais
luxuoso foi dado por sua avó.Agora,que ela fez dezoito anos,a contemplou com uma viagem ao
Egito.Sonho que ela acalentara desde menina.E com um carro maravilhoso,que ela mesma
escolheu numa concessionária.Luzia se tornou uma jovem vaidosa e cheia de não me toques.
Não tinha amigos,achava sempre que estavam querendo se aproveitar de suas condições
financeiras.Apenas com os primos tinha um contato sincero e amigo.Pelo menos até aquela
noite do jantar em família.Porque após o jantar,Sra.Margot chamou-a até o seu quarto e lhe
proibiu de conviver com os primos.Disse a ela,que eles não tinham o mesmo nível cultural e
social dela.E que a partir daquele dia,Luzia só conviveria com a avó e os serviçais da mansão.
Como sempre acontecia,Luzia obedeceu rigorosamente a sua velha avó.Dois anos depois,as duas
internaram numa clínica de repouso a mãe de Luzia.E viveram as duas mais dez anos juntas,confinadas naquele lugar.Conforme havia lhe prometido,quando a avó morreu,Luzia herdou toda a fortuna da família.Comprou mais imóveis,algumas terras no Norte do Estado e
outras tantas no Sul.Triplicou a enorme fortuna da família.Numa noite chuvosa,quando se dirigia ao Aeroporto para mais uma das suas tantas viagens internacionais.Encontrou os primos
Heráclito e Amadeu trabalhando de manobristas no estacionamento.Olhou-os com um misto de
piedade e horror. Pensou em entregar-lhes as chaves do carro,mas por medo de toda a violência que anda rondando a cidade,nem ao menos teve coragem de abaixar os vidros blindados de
sua Ferrari.

Comentários

Anônimo disse…
Olá, Lia!

Que absurdo! Mas isso acontece, tem pessoas que mudam com o dinheiro, o poder...Assim conhecemos a verdadeira pessoa. Parece sinopse de um bom filme. Já pensou nisso?

Um beijo
Henrique Luna disse…
Caramba, Lia... chocante. Muito bom esse teu conto. O poder é uma coisa seríssima. Nunca nadei em dinheiro e em toda a minha vida sempre vivi de acordo com o que minha família pôde dar (em termos financeiros), mas tbm cresci ouvindo uma coisa que guardo até hj: "Caixão não tem gaveta e mortalha não tem bolso".

Beijão e um ótimo dia
Luci disse…
Lia, crueldade ensinada a um coração inocente pode ter consequencias desastrosas!
O amor da avó não era amor, né?!
bjs!!
b.ponto disse…
... nao acredito que luzia faria algo assim. nao mesmo. pelo menos, nao depois de tudo que sentia pelos primos! imaginei que, com a morte da avo, ela retomaria o laco (e ate mesmo acolheria) os familiares queridos.. hmm...
me surpreendeu!! :-)

ei... me diga que 'bruna' q vc escreveu foi um erro de digitacao!!!

so macho pacas! haha... ta parecendo a gil. vou comecar a achar que e pessoal...

ate mudei a foto aqui no meu id!

haha.

beijos e otimo final de semana...

tentaria postar algo hoje.. pra nao deixar a sexta passar batida.
Fred disse…
Que horror.

Mas você traz a tona a pequenez humana.

Esquece o humano na apologia do material.

Abraços

fred
Wilton Chaves disse…
Olá!
Como sempre, muito bem escrito os seu texto.Um tema interessante, que desperta sempre a vontade de querer ler mais, mais e mais. Beijos
Jôka P. disse…
Drama no melhor gênero de novelão mexicano !
A vilã impiedosa poderia ser a Thalia, de luvas até os cotovelos e piteira fumegante ... e a pobre vovózinha seria a falecida Libertad Lamarque.
Gostei do novo estilo Novela do SBT !!!
É dublado ?
Bjs,
JÔKA P.
:)
b.ponto disse…
hehe... ta desculpada!! :-)
valeu. legal que gostou do texticulo...
otimo findi pra vc tambem...
beijao
b.
Rodrigo disse…
Pode parecer muito fácil falar, mas eu jamais quero ser rico. Ter dinheiro é bom, claro, mas ter demais, não. Não quero abandonar meus amigos por achar que eles estão de olho no meu dinheiro, e muito menos ter de ser acompanhado por segurança para pôr o nariz pra fora de casa, com medo de seqüestro! Prefiro ser uma pessoa "normal" mesmo. Não quero acabar como a Luzia. Beijos!
Angela Ursa disse…
Boa noite, Lia! Eu acho que dinheiro em excesso pode se tornar uma prisão, como mostra o seu texto. Porque gera isolamento, devido ao medo, e deixa o coração frio. Beijos da Ursa!
Anônimo disse…
minha querida!
infelizmente essas histórias acontecem...a maior violência é essa,o descaso e maldade..
lindo findi!!
beijossssssssss
Anônimo disse…
Oi Lia! Volte sempre ao hopes and fears. Obrigada pela visita. Eu estava meio ruim, mesmo!
Abraços e bom fim de semana!