
Morava há mais de dez anos naquela rua,e nunca conversou ou mesmo dirigiu um olhar para qualquer morador.Sempre sozinha caminhava na direção da praia todas as manhãs,e ali praticava um estranho ritual:ajoelhava-se na beira do mar, e olhava por mais de meia hora na
direção do horizonte,como a rogar,ou quem sabe agradecer alguma benção alcançada.Alguma correspondência da sua casa foi interceptada há algum tempo por um vizinho curioso,que conseguiu ler o seu nome Sabrine Radier.Se era o verdadeiro,ou mesmo uma fachada,nunca se
investigou.A própria apatia da mulher diante das pessoas que a rodeavam acabou por fazer dela
uma figura meio sem expressão,uma carta fora do baralho.Quantos anos teria?Aparentemente
uns trinta?Gostava da solidão,ou a usava simplesmente como uma fuga?Ninguém saberia dizer.
Até as crianças que tentavam se aproximar não conseguiam amolecer o seu coração,as ignororava como o fazia com todos.Sabrine,se este fosse o seu nome,deveria ter muitas razões para agir assim,quem poderia adivinhá-las?
O vento forte anunciou naquela manhã um início de inverno bem impiedoso.Nas ruas só andavam alguns pedintes e vendedores ambulantes sem freguesias.A praia completamente deserta,somente um cão corria solitariamente à beira-mar.Ela apareceu dessa vez de uma forma bem inusitada,comentaram uns curiosos que das frestas das janelas a vigiavam .Carregava um
buquê de orquídeas nas mãos.Quando,apesar do forte vento ela cumpriu o seu ritual na areia da
praia,atirou as flores ao mar e voltou para casa sorrindo.Um sorriso iluminado e repleto de liberdade.
Comentários
belo conto!!deixa sabor de quero mais,rss
lindo dia minha querida!!!!!
beijossssssssssss
Um fim bem bonito, esperançoso.
Abraços e uma boa noite, :).
Sua graça foi alcançada, alguém descobriu algo que ela não conseguia passar.
Um beijo
que lindeza! Isso é o início de um romance, pode confessar. E, se eu estiver enganada, comece agora mesmo, ou melhor, continue.
parabens
vou voltar
fique bem
Linda Lia, gostei muito deste seu conto.A contemplação, o momento silencioso, o ritual e o tempo;são ingredientes e atrativos para uma agradável leitura. Beijos
É a "mulher de branco"...
Ela é tranquila, circula pelo bairro, mas NUNCA fala com ninguém.
Ontem mesmo eu a ví na Visconde de Pirajá, vestido longo, limpíssimo.
Quase uma santinha.
Na minha cabeça, é uma noiva abandonada.
A sua deve ser rica, né ?
E tem bom gosto.
Tem orquídeas nas mãos, flores lindas e caras...
Bjs e bom fim de semana !
:)
JÔKA P.
Ou é uma estorinha inventada por ti?
De qualquer modo é bonita, misteriosa e melancólica?
BJS