Índios não querem só fazer barulho!!!







Tribos indígenas invadem prédio da Aracruz Celulose





Aracruz--E.S Em uma inusitada operação, cerca de 250 índios tupiniquim e guarani ocuparam ontem pela manhã o prédio administrativo da empresa Aracruz Celulose, no município de Aracruz. Eles estão exigindo as presenças do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, ou do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

Os índios querem a demarcação dos 11 mil hectares de terras da empresa, invadidas em maio último, afirmando tratar-se de área tradicional indígena. O grupo recusou até que a Procuradoria da República no Estado intermediassem o diálogo com a indústria. A Aracruz, entretanto, afirma que as terras são de sua propriedade.

A reação da direção da empresa foi de perplexidade, conforme declarou o gerente de Relações com a comunidade, Jessé Marques. "Jamais poderíamos imaginar que eles teriam uma reação tão violenta. Nos relacionamos com eles há vários anos e isto nunca aconteceu", declarou durante uma entrevista coletiva.

O movimento vinha sendo articulado pelas lideranças já há vários dias. A intenção inicial, entretanto, conforme explicações do cacique Jaguareté era de limitar as ações a uma manifestação em frente ao portão principal da fábrica. A decisão de invadir o recinto teria sido tomada, ontem pela manhã, quando os índios se reuniram na praia de Barra do Sahy.

Pintura de guerra. Usando pinturas de guerra e trajes tradicionais os índios tomaram o portão principal por volta das 9h15. Dali eles tiveram acesso ao prédio onde estão concentradas as atividades administrativas da indústria. Os trabalhadores destacados no setor tiveram que se retirar do local. Até o final da tarde não havia sido registrado nenhum caso de agressão física, apesar dos índios estarem portando suas armas tradicionais, como bordunas, lanças e arcos e flechas.

Durante todo o dia a Polícia Militar manteve um esquema de segurança discreto, formado por cerca de 15 homens, que se postaram nos fundos da porta principal. Dentro do prédio, os índios tocavam tambores e cantavam músicas típicas. No almoço a empresa forneceu lanches. Chamou a atenção o grande número de crianças e adolescentes na ocupação.

Depoimentos

"Já ouvimos falar dos sem-terra"
Ingvild Balstad Pedersen - Estudante norueguesa, 20 anos

"Nossos amigos brasileiros nos chamaram e nós achamos legal conhecer melhor o que está acontecendo aqui. Não temos muito conhecimento sobre este assunto. Mas já ouvimos falar, por exemplo, do Movimento dos Sem-Terra".

"Estou perplexo"
Jessé Marques - Gerente de Relações com a Comunidade da Aracruz Celulose

"Não será aqui que os índios vão resolver este problema e sim na Justiça. Estou realmente perplexo com o que está acontecendo. Sempre formaram um grupo ordeiro. Estamos muito preocupados com a integridade dos nossos funcionários".

"A ocupação é totalmente pacífica"
Fábio Villas - Rede Alerta Contra o Deserto Verde

"Alguém da empresa ligou para a Funai e disse que os índios estavam quebrando tudo. Mas isso não é verdade e esse boato já foi devidamente esclarecido. Todo mundo está vendo aqui que trata-se de uma ocupação totalmente pacífica".

Aracruz

Acordo - Quando em maio último os índios ocuparam 11 mil hectares de terras da empresa Aracruz Celulose a direção da indústria considerou que o acordo mantido com as comunidades, desde 1998, estava rompido

Posse - A empresa não admite discutir a posse legal da área. Por isso cobra na Justiça a desocupação do terreno e o esclarecimento definitivo sobre a posse

Aquisição - A empresa argumenta que os terrenos foram adquiridos de seus legítimos proprietários durante a década de 70, fazendeiros que já estariam instalados há várias gerações na região

Plantação As terras invadidas pelos índios estão ocupadas por plantações de eucalipto

Índios

Posse - Os índios consideram que todas as áreas atualmente ocupadas pela empresa Aracruz Celulose, em Aracruz, lhes pertencem, incluído o terreno onde está montado o parque industrial da empresa. No local, segundo eles, há muitos anos, estava instalada a aldeia Macacos

Terras - Eles estão convencidos de que os 11 mil hectares que ocuparam tratam-se de terras tradicionais indígenas

Relatório - A convicção está respaldada, principalmente, por um relatório da Funai, que em 1998 teria confirmado a posse da área em favor dos índios

Portaria - Os índios querem que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, assine a portaria que determinará a demarcação oficial do terreno.







Comentários

Lia Noronha disse…
Dedico esse post de sexta- feira a querida amiga Ângela do blog Ursa Sentada( o link dela se encontra nos entre os meus favoritos).Que tanto tem nos levado à viagens espetaculares pelos lugares,costumes e lendas indígenas!
Beijos de agardecimentos.
Vivian Massignan disse…
É um descaso imenso com os índios, como com todas as minorias. Felizmente eles acharam uma maneira pacífica (e inteligente) de chamar a atenção e talvez mobilizar a opinião pública.
beijos!
Laura_Diz disse…
pobres indios, mesmo com barulho não conseguem o que lhes é de direito. bj laura
Angela Ursa disse…
Querida amiga Lia, fiquei emocionada com sua homenagem e muito feliz com a divulgação da matéria sobre Aracruz e as fotos! Beijos carinhosos da Ursa
Andréa disse…
É de chorar,né?
Vc já ouviu falar (ou curtiu)os CDs da Marlui Miranda? Ela faz um trabalho maravilhoso de pesquisa e gravação de canções originais indígenas. Eu tenho "Ihu" um CD maravilhoso com índios cantando junto com ela. De chorar...
Vc está no orkut? Se sim, dê uma olhada na comunidade 'Marlui Miranda' (fui eu quem criou). Beijo.
Andréa disse…
Lia, ficou difícil de entender o nome do CD. É "I-hu, todos os sons".
Jôka P. disse…
Lia, cadê o caça SPAMS ???
Coloca aquele trocinho, garota !!!

Bela homenagem à nossa querida ANGELA URSA !!!
ELA MERECE !!!
ELA MERECE !!!

bjs,
JÔKA P.
Jôka P. disse…
Quando eu estou aqui, eu vivo este momento lindo.
Olhando pra você e as mesmas emoções sentindo.
São tantas já vividas são momentos que eu não me esqueci.
Detalhes de uma vida.
Estórias que eu contei aqui.
Amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo.
E as vezes eu errei. Você me ver chorar, sorrindo.
Sei tudo que o amor é capaz de me dar.
Eu sei já sofri, mas não deixo de amar.

Se chorei ou se sorri ...
o importante é que emoções eu vivi.

Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Bjs,
JÔKA P.
:)
Anônimo disse…
Olá, Lia!

É revoltante essa situação. Quer dizer que o poder público se surpreende por alguém chegar ao seu limite? Gostaria que o povo tivesse seu dia de indio.

Um bom fim de semana

Um beijo
Saramar disse…
Oi Lia, boa noite.

Que tristeza isso tudo. Repete-se nessa terra o que aconteceu na áfrica e na Ásia. A destruição das culturas e dos nossos próprios arquétipos (viu como estou aprendendo bem com as lições da Ursa?)
Aliás, ando aprendendo tudo com vocês.
Beijos
Boa noite de sábado e um domingo cheio de amor e calor pra você
Nilson Young disse…
É bem triste a situação dos indios do nosso pais..

eu que moro aqui em Campo Grande MS
estou acostumado a ver este tipo de noticia nos jornais locais..
lamentavel..

carpe diem..