A última festa .



Havia mais de vinte anos que não se encontravam.Eram amigas de infância, segredos compartilhados, histórias que só elas conheciam.Telma tinha uma vida maravilhosa , além de inteligente e rica , era extremamente encantadora. Sua beleza fascinava a todos os homens da
região.Desde criança foi vaidosa e chamava atenção dos colegas do grupinho. Ao contrário ,Marina nunca teve atributos favoráveis , apesar de boa aluna , jamais atraía a admiração dos meninos.Sempre foi assumidamente feia, desengonçada e tímida,de uma timidez constrangedora que a mantinha isolada dos outros .Mas com Telma ela sorria , brincava , não temia por sua pouca beleza , e nem se incomodava com o excesso dela em Marina.
Aquela festa seria a última em que as duas se encontrariam , depois de tanto tempo distantes.
O destino as afastou por determinadas circuntâncias.Marina casou-se, e foi morar na Alemanha com o marido , que é um tradicional médico por lá .Sua vida se resume aos dois filhos e a ele.Telma vivia sozinha num excelente apartamento na zona sul de São Paulo.Teve muitos namorados e aventuras , mas nunca casou-se ou teve filhos. Estavam visivelmente emocionadas
com aquele reencontro. Abraçaram-se demoradamente . Relembraram algumas histórias da infância e adolescência. Riram e choraram juntas , até o final da festa.
No momento da despedida estavam bem em frente a uma imenso espelho e inevitavelmente olharam-se ao mesmo tempo.Como o tempo passou e deixou marcas, concluíram.Como ele é implacável e nos iguala tanto.Transformaram-se em duas senhoras. Sem nenhuma diferença.A velhice conseguiu torná-las finalmente parecidas.

Comentários

Anônimo disse…
Que linda história de amizade que o tempo só fortaleceu e fez questão de apagar diferenças...adorei!!
linda semana minha queida
beijossssssssss
Angela Ursa disse…
Lia, considero a amizade muito importante. Adorei o seu texto! Beijos da Ursa da madrugada :))
Taia disse…
Mas com certeza, senhoras encantadoras...

Veio ao Rio não?

Saudades...
Beijão!
Jôka P. disse…
O tempo só igualou as duas porque nenhuma delas passou pelo bisturí do Dr.Pitanguy, né !
Ou será que a Sônia Braga está igual as outras senhoras de 55 anos ????
:D
bjs,
JÔKA P.
Anônimo disse…
Envelhecer, ai meu Deus, agora não! :)
Beijo. Linda semana.
Anônimo disse…
simplesmente fantástico..valeu amigaf

abraços

dr x
Rodrigo disse…
Excelente texto! É para mim não só uma história de amizade, mas também uma reflexão. Ficamos nos preocupando tanto com a aparência, em fazer plástica para tirar uma ruga que ninguém vê, em estarmos sempre com o corpo "sarado", e esquecemos que um dia todos acabaremos tendo a mesma aparência: o fim da vida nos iguala. E assim, muitos acabam esquecendo de viver.
Beijos e boa semana!
Liliane de Paula disse…
Lia, esse desenho é do Jôka?
Liliane
Anônimo disse…
Lia, essa moça do desenho é do Jôka?
Liliane
Anônimo disse…
Muito bonita a história. Há duas amigas assim, em minha vida. Podemos ficar anos sem nos falarmos, mas a intimidade nunca foi perdida.

Beijão.

p.s. Obrigada pela visita e pelo comentário carinhoso.
Anônimo disse…
Sempre senti falta de uma amizade assim... Fazia tempo que não vinha aqui, e esta história realmente me tocou. Um beijo
Anônimo disse…
Bem, extrapolando "só" um pouquinho, elas (como todos nós) vão virar esqueleto...

Simpático aqui também.

Beijão.
Anônimo disse…
Os verdadeiros laços não se desfazem nem com a força do tempo.Lindo texto,Parabéns!!!
beijos
Wilton Chaves disse…
Linda Lia, um bonito e sensível texto.Parabéns! Você narrou um momento em que o tempo, mesmo que haja diferenças, ele, se torna igual.Um grande abraço e obrigado pela encantadora visita e os cometários.Beijos
b.ponto disse…
ei.. adorei.
tenho lido muitas coisas sobre os 'mais velhos' ultimamente... 'memoria de minhas putas tristes' me encantou.

ei... capa dos 'invisiveis'... otima escolha. haha.

abraco e bom feriado.