Através de mim mesma

Se você atravessar um espelho

e tiver a coragem de olhar para trás

você não vai ver nada.

Wesley Duke Lee

Decidi certo dia não olhar mais para o que passou.Viver sem referências,sem apelos ao saudosismo.Porque quando eu era  adolescente uma tia me disse que eu era saudosista tal e qual meu pai e meu avô,ambos poetas e sofredores natos.E então decidi sair do círculo da dor ao qual estavam fadados os tais saudosistas.E bailei,ou melhor,como mulher moderna que sou: dancei mesmo.Como eu poderia me desvencilhar do passado,não  visitá-lo nos momentos mais frágeis,ou mesmo  não percorrê-lo em toda a sua imensidão? Se era de poesia que eu vivia,era a poesia que eu transpirava e  me inspirava nas vertigens ou acertivas da minha vida?Mesmo nos períodos mais intensos e compostos de felicidade.No passado eu criava um vínculo mais fecundo pra compreender todo aquele processo de  harmonia que me rodeava e queria permanecer para sempre ,e que por isso mesmo durava menos tempo do que deveria.Sou saudosista assumida agora posso gritar aos quatro ventos.E não tenho mais vergonha ou temor de o ser.Porque sei que o passado tem lá suas grandes armadilhas,mas consegue com muita eficácia nutrir  minhas fortes espectativas nesse presente vivido   e participar de alguma forma na composição de um frutífero amanhã.