Sem palavras

Nunca imaginei ficar assim sem palavras.Logo eu sempre tão argumentativa e questionadora.Simplesmente cansei de todo esse blá-blá-blá desvairado.A mesma sensação que tive há anos quando fazia psicanálise e me aborreci com tanta lenga lenga da psicanalista que mal mal resolvia os problemas da vida dela e queria dizer que eu não era capaz de resolver os meus.Ela me disse claramente que quem faz psicanálise não tem problemas faz porque quer.E então numa tarde como essa de inverno eu faltei a sessão de análise pra tomar um chocolate quente e comprei um monte de presentes pra mim mesma com o dinheiro que daria na consulta.Me dei alta porque estava estressada com tanto blá-blá-blá.Eu descobri naquela tarde de inverno que era aqui dentro a minha conversa.Eu precisava me ouvir e não ouvir a outra pessoa que pouco se importava comigo.Deixei algumas pendências na interrupção,mas com o tempo descobri que a vida é feita delas.Nada está finalizado.Essa reticência é que é o xis da questão.Quem pensa que deve encerrar algo está condenando sua vida ao marasmo.Pois é,nessa tarde invernal eu estou completamente sem ter o que falar.Ansiosa por respostas e temerosa por novas perguntas.Mas são inevitáveis.Fazem parte do ciclo da vida.Essa roda que gira suavemente quando exercemos o poder sobre a nossa mente ou mesmo a deixamos fluir.Roda essa que poderá acelerar quando pisamos fundo nos pedais das reações.Reaja o mundo grita aos meus ouvidos.Não permita que esse estado de coisas te contagie.Existem os que tentam estragar o meu dia com gestos de ingratidão.Não dê ouvidos digo a mim mesma.E guardo as palavras para dias mais azuis e quem sabe até com um sol aquecendo a alma.