Sem poesia

Nas previsões astrológicas uma frase chamava atenção: deixa a poesia fazer você falar.E como negar então que a poesia expressa o que nenhuma outra linguagem seria capaz de o fazer.Com tamanha liberdade e delicadeza.Quando tudo fica entalado na garganta.Já não conseguimos viver no limiar da equilibrada atitude.Um pensador já disse ,que há coisas que só arrancamos de dentro de nós quando as escrevemos.E por transcrever a dor,a mágoa,o desafeto e tantas outras figuras monstruosas criadas pela mente .Figuras tantas que imploram por serem exorcizadas,queimadas,afastadas a qualquer custo.Através das palavras elas saltam aflitas,temerosas pelo amanhã.Afinal a descrença instalou-se em meio a tantos erros cometidos,tantas escolhas imperfeitas e tantos murros em pontas de facas.Um quase adeus,uma quase verdade,uma quase morada para os sonhos e uma quase razão para se poetizar.Mas quando a verdade escapa desesperada e aflita é hora de encarar a mentira de frente.E enfraquecê-la nesse ato quase heroico.E embora o conselho dos astros sejam para que a poesia se faça.Os versos congelaram-se então e com o perdão da palavra.Descrever todo esse resto de história em forma de poesia seria jogar aos porcos pérolas.Ao que te amou com os olhos enquanto tu amavas com o coração.Fica a palavra sem rima e a imperfeição do relato.
E a vontade profunda de jogar essa triste história bem no fundo do mar do esquecimento.