Sem fim

Um tempo onde a simplicidade virou artigo de luxo.Acordar e ver que a natureza implora por melhores dias.E que poderíamos viver em harmonia com ela .Sem tantos artifícios.As tais atitudes manipuladas.Visando muito mais o poder do imediatismo.Dos velhos hábitos saudáveis.Restam apenas o saudosismo e o gostinho do queremos mais.Aquele cheiro do fogão a lenha que anunciava que a comida estava no caminho artesanal que o apetite permitisse.Ele era sempre aguçado pelo cheiro e pelas cores sempre vivas e bonitas desses alimentos.Que pelos olhos já tinham a capacidade de nos nutrir.Sem falar no sabor delicadamente e calmamente curtido . Verdade que tudo era curtido.Não nesse sentido banal e passageiro com que esse termo é utilizado na modernidade.O doce passava por todo um caramelar e temperar com especiarias variadas.E passava de um tacho para o outro até tomar uma consistência ideal.Sem falar nos salgados curtidos nos temperos e deixados ao sol ou ao banho de lua por noites a fio.As frutas tiradas do pé amadurecidas ou mesmo caídas de vez.O simples fato de vermos no pé ou próximo a ele. Já trazia o gosto e o encanto do saborear cada pedacinho.Tudo tinha mais vida e o próprio viver tornava-se mais interessante.Porque era feito de conquistas diárias e que cultivávamos com esmero para que tornarem-se eternas.No sentido mais profundo da palavra eternidade:duração de algo que não teria começo nem fim.